segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Erros repetidos


O desmoronamento na área das obras do metrô Pinheiros em São Paulo reabriu uma antiga discussão, que foi várias vezes relegada e sufocada pela necessidade de crescimento da cidade.

A questão é: até que ponto há previsão e planejamento para o tipo de solo e as caractéristicas urbanas da cidade de São Paulo?

Na opinião de muitos, isso não é assunto para ser discutido agora. Do ponto de vista econômico, a urbanização da cidade não pode ser interrompida, nem tampouco as novas necesssidades - como o próprio metrô, para desafogar o excesso de trânsito - podem ser adiadas ou substituídas!

Não é assunto para ser discutido agora, como não foi antes e não será no futuro. Pelo menos até que os resultados de tanta irresponsabilidade urbana - primeiro por natural ocupação da terra e posteriormente por negligência - comecem a agravar-se.

É essa a questão: agravar-se. Porque os problemas graves, que aparentam ser insolúveis, já começaram a dar o ar da graça! A começar pelas enchentes, praticamente invencíveis. Enchentes alteram a estrutura so solo. O solo perde sua composição e se torna imprevisível: pode ou não suportar o peso das construções, das obras subterrâneas, até mesmo da pavimentação, que afunda com freqüência.

Mas por que tantas enchentes? Ora, uma área impermebilizada não tem como se livrar da água que antes era distribuída pela terra e assim absorvida! As canalizações são insuficientes!

Seria interessante que as administrações municipal e estadual passassem a tratar com maior seriedade dos riscos do solo de uma cidade verticalizada como São Paulo. Pelo menos no que se refere à estudos para reduzir os riscos do solo. Afinal São Paulo foi construida às margens de rios e margens de rios possuem solo de composição e resistência diferente das áreas secas.

Pode ser que São Paulo não se enquadre em situação geológica tão grave em relação ao solo constantemente umedecido, pelos seus rios e pelas suas inundações constantes.

Mas certamente é uma possibilidade que deve ser analisada com seriedade e enfrentada com realísmo. Mesmo porque a grande cidade verticalizada possui não apenas o desafio da resistência do solo e do peso de suas construções, mas também a realidade de prédios antigos e totalmente desprovidos de estrutura para resistir à alterações.

Como, por exemplo, abalos sísmicos de pequena intensidade, que podem, em breve, acontecer com maior freqüência. Para não haver acusação de terrorismo psicológico, convém pelo menos um trabalho mais rigoroso de levantamento das condições de solo e dos prédios.

Um trabalho que deveria ser rotina administrativa e que apenas [e feito em circunstâncias de risco aparente e óbvio. Mas prevenir é sempre mais eficiente do que remediar! (janeiro 2007)

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