segunda-feira, 26 de maio de 2008

Ótica e Justiça


Uma das situações mais deprimentes no caso do assassinato da garotinha Isabella Nardoni sem duvida alguma é a tentativa de invalidar provas que incriminam o pai Alexandre Nardoni e a madrasta de Isabella, Anna Carolina Jatobá.

Quem chega com ar imperativo e pretende invalidar o trabalho de uma equipe absolutamente imparcial e confiável - peritos da polícia científica - é George Sanguinetti, a pedido da família dos acusados. Ele já concluiu que não houve esganadura nem ferimento antes de Isabella ter sido atirada pela janela...baseado nos próprios laudos que critica...

Sanguinelli, por outro lado, faz comentários pouco científicos para comprovar sua tese. "Como ela estava sangrando se não há nenhum material ou marca [de sangue] na blusa que estava vestindo?" perguntou ele, ignorando o fato de que havia sim sangue da menina respingado na roupa que vestia e fora do apartamento.

E por ai vai!

E isso deixa a sociedade com gosto de eterna derrota. Não que o caso Isabella já tenha sido julgado e assassinos tenham sido absolvidos. Isso não aconteceu. Mas o fato de haver abuso na tentativa de desviar a atenção do crime, sem que haja elementos suficientes para isso, a não ser desmoralizar a polícia enquanto instituição de defesa do cidadão, contestando até mesmo a capacidade técnica mais obvia, como o recolhimento de provas, é exemplar. Há provas demais, testemunhas e fatos que determinam a autoria do crime.

Também sofremos uma espécie de medo antecipado de que haja eterna impunidade de crimes que envolvem pessoas com recursos para dificultar a justiça, até mesmo em casos óbvios!

Ora, se a Justiça brasileira é composta de mecanismos tão complexos, que possibilitam defesa e até impunidade de culpados e, em contrapartida, a punição de prováveis inocentes que não possuem recursos para pagar um profissional que domine tamanha complexidade jurídica, como confiar no nosso sistema?

Está aí uma pergunta que merece reflexão da sociedade! Aliás, muita reflexão!

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