quinta-feira, 8 de maio de 2008

Não matarás, não prevaricarás...não condenarás...


A Justiça brasileira está passando por uma fase surpreendente! As leis dizem que matar é crime, roubar é crime, atentar contra a honra é crime, ofender moralmente é crime, provocar danos a outrens é crime! Mas não há punição!
Ao comentar este assunto, um advogado experiente, mas fruto do nosso sistema judiciário de três décadas atrás (foi quando o conceito de Justiça começou a ficar confuso) afirmou haver exagero.

"Como assim, não há Justiça?"
Pergunta aliás muitas vezes repetida por nossos juristas, que suam a camisa na imensa burocracia do nosso sistema judiciário.

A resposta óbvia: Assassinos, quando vão a julgamento, são soltos, beneficiados pelas leis brasileiras que parecem esquecer de sua função primeira; assassinos de nível socio-cultural-econômico médio e alto quando são presos acabam soltos em seguida e mesmo quando condenados pela Justiça, em dois ou três anos já comemoram liberdade!
Grandes empresas, de poder econômico, prevaricam sobre os clientes, cobrando taxas e serviços que não existem, ou errando o preço entre a etiqueta na prateleira e o máquina registradora...mas no momento de buscar Justiça, quem consegue?

Não concordo", reafirmou ele "se não existisse Justiça, não haveria processos com resultado. Entidades financeiras são sim penalizadas e pagam por danos morais e assassinos são julgados, demora, mas são julgados!"

É esta a mentalidade de nossos juristas: a Justiça acontece...para alguns! Ao contrário do que determina a nossa Constituição, não há como fazer Justiça para todos, em um sistema judiciário abarrotado, onde um julgamento por assassinato pode demorar anos para acontecer e um julgamento por prevaricação ou danos contra o consumidor é engavetado por um parecer irritado pelo volume dos processos.

Essa "conformação" com uma Justiça limitada transforma todos nós em vítimas. Cidadãos comuns, magistrados, advogados, promotores, organismos de defesa social, todos acabam enfrentando a mesma realidade de que "não adianta" esperar muito da Justiça.

O que é "muito"?

Em uma sociedade onde a lei determina o crime, mas ele acaba por vencer o sistema, o futuro é tenebroso!
Quem são nossos magistrados?

A lei é soberana. Como admitir falhas na Justiça?

O próprio presidente da República mostrou-se inconformado com o resultado do julgamento da freira Dorothy Stang, assassinada em fevereiro de 2005. O fazendeiro envolvido no crime foi considerado inocente pelo Tribunal do Júri de Belém e libertado na quarta-feira.
"Como brasileiro e como cidadão comum obviamento que estou indignado com o resultado", declarou o presidente Lula.

Mas a Justiça, como dissemos, é soberana! No primeiro julgamento, Bida havia sido condenado a 30 anos de prisão. Dessa vez, o júri entendeu que o fazendeiro não teve participação na morte de Dorothy e o absolveu por cinco votos a dois. Já o pistoleiro Rayfran das Neves foi condenado por unanimidade a 28 anos de prisão, um ano a mais do que no julgamento anterior. Ele confessou ao júri ter executado o crime.
Durante o julgamento, Neves, réu confesso, negou as versões dadas nos 13 depoimentos prestados por ele anteriormente, para a polícia e à Justiça, assumindo sozinho a autoria do crime e isentou Bida de envolvimento no assassinato.

A irmã Joan Krimm, que foi amiga de infância da freira Dorothy Stang, afirma que a decisão da Justiça do Pará de absolver o fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, da acusação de ser o mandante do assassinato da religiosa causará "mais derramamento de sangue".
"A vida de qualquer um que trabalha pelos pobres na região está em perigo",

Onde estão os nossos magistrados?

O sistema processual penal foi feito para não funcionar. Quem afirmou essa realidade, conhecida por todos os brasileiros, mas "divagada" por muitos, é a procuradora do Ministério Público Federal de São Paulo, Janice Ascari. Ela lembra que a existência de infinitas possibilidades de recursos leva à impunidade, ao invés de fazer Justiça.

Recursos, recursos, recursos! Assassinos e ladrões, de colarinho ou camiseta (estes acabam nas penintenciárias por não ter dinheiro para manter a enxurrada de recursos) livres pela mesma balança que existe para fazer justiça.

O Brasil vai mal. Aqui o réu tem direito a mentir, não é obrigado a produzir provas contra si mesmo – é o caso de Christiam Cravinhos que mentiu deslavadamente ao dizer ao tribunal do júri que não havia assassinado Marísia Richthofen ou do motorista embriagado que pode se recusar a assoprar no bafômetro.

Na Europa ou nos EUA isso não ocorre. Nos EUA o réu flagrado em mentira é condenado não apenas pelo crime que praticou, mas também por falso testemunho – e tem a sua pena aumentada.

Aqui? Pode ser um caso de assassinato cruel e hediondo, onde uma vida humana é relegada a nada, um horrendo quadro envolvendo tráfico de drogas ou erro médico, ou um processo litigioso de divórcio ou ainda uma briga de comadres: não importa, pode mentir! Acusado, testemunhas, enfim, a mentira não será considerada falso testemunho, embora poss acabar com a vida, a honra ou as finanças de uma pessoa inocente! Ninguém será punido!

Ou seja, pessoas que realmente são culpadas, safam-se da punição! Pessoas inocentes são penalizadas!

O que faremos com a nossa Justiça?

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